quinta-feira, 26 de março de 2009

segunda-feira, 9 de março de 2009

Refletindo as práticas de alfabetização e letramento



O termo letramento surgiu quando se tornou mais evidente o problema do "analfabetismo". A falta de conhecimento sobre leitura e escrita intensificou uma preocupação maior para que se gerasse questionamentos para discutir a problemática. Logo em seguida, perceberam que não bastaria apenas ler e escrever, mas usar esses conhecimentos adequadamente de maneira interpretativa.

Sabemos que há muita política envolvida na educação e esta vê o analfabetismo apenas como meros números e gráficos comparados gradualmente. Verdade seja dita: na maioria das vezes, se um cidadão "aprende" a escrever o nome, já não é mais considerado um analfabeto. Mas se pedirmos para o mesmo ler um texto e explicar o que leu, provavelmente não o fará, pois sabe até "decodificar" as letras e palavras, porém, não sabe interpretá-las.

O grande problema do Brasil é justamente de apenas se preocupar com os números de analfabetos, o que traz complicações para a imagem do País e cobranças de entidades estrangeiras que "lutam" pelos direitos humanos. Mais importante do que ensinarmos nossos alunos a ler e escrever é darmos subsídios para que estes compreendam a Língua como um todo - gramaticalmente, coloquialmente e colocando em prática nos diálogos do cotidiano. O oposto acontece em países de primeiro mundo como nos Estados Unidos, França e Inglaterra, onde o ensino fundamental é obrigatório (e com duração maior que o nosso - 10 anos nos Estados Unidos e na França, 11 anos na Inglaterra).

O letramento, em linhas gerais, pode ser definido "como condição de quem não sabe apenas ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita". (SOARES, 1998 apud SIMONETTI, p. 21).

Atualmente, devemos tratar o letramento e a alfabetização como processos distintos, porém, simultâneos e de certa forma "inseparáveis", já que remete ao outro. Ao fazermos uma profunda reflexão, descobrimos que o letramento nada mais é do que um processo de continuação da alfabetização. O mais certo é que o(a) educador(a) alfabetize letrando.

Temos consciência de que a escola não forma leitores sozinha, mas sabemos que a instituição é fundamental para ajudar nessa formação - até porque é um ambiente propício.

A tarefa de alfabetizar na perspectiva do letramento é colocar em prática no cotidiano a vivência com as crianças nas práticas de leitura e escrita e instrumentalizá-las, dando assim subsídios a elas para que estejam preparadas para usar os vários tipos de linguagem em qualquer tipo de situação.

É essencial que o(a) professor(a) amplie sua visão sobre a alfabetização e o letramento. É importante inserir os alunos no mundo da escrita, visitando a biblioteca, dramatizando histórias, porém, deve-se também inserir os(as) alunos(as) nas artes em geral - dança, pintura, música, etc.

Necessitamos de uma reflexão no campo educacional, principalmente no que se diz respeito ao ensino da leitura e da escrita para que possamos finalmente formar melhores leitores e escritores, letrados e alfabetizados. Esse é o maior desafio que temos como professores(as).

Um dos aspectos mais difíceis da arte de se alfabetizar alguém - seja criança, jovem ou adulto - é colocar em prática todos os subsídios teóricos que estudamos; recorrer aos teóricos para fundamentar e justificar o que fazemos e como fazemos em sala de aula.

Através de muitas leituras e de uma reflexão mais profunda, conseguimos identificar os prós e os contras de cada teoria, decidindo, assim, qual delas se adequa melhor a nossa realidade na escola.

"O aluno constrói o conhecimento da língua escrita, portanto, mais importante do que saber como se ensina, é saber como a criança aprende" (KLEIN, 2002, p. 93). Não devemos analisar apenas a nossa prática, mas também estudar o processo de aprendizagem da criança como um todo.

De acordo com os principais teóricos, tais como Piaget, Wallon e Vygotsky, podemos conceber a ideia de que o ser humano constrói seu próprio conhecimento a partir de uma interação com o mundo externo - cultura, linguagens e pessoas.

Podemos, então, observar que a aprendizagem acontece de maneira interativa, surge na interação dos(as) nossos(as) alunos(as) com a cultura e acontece também através do diálogo com as pessoas. No caso da escola, tal interação se dá: com os colegas de turma, com o(a) professor(a) e com os materiais pedagógicos.

É muito difícil para nós - professores(as) - definirmos uma prática "certa" aliada à teoria, geralmente a prática deve ser utilizada de acordo com o modelo de nossa sala de aula - prestando atenção nas suas maiores dificuldades e nos seus pontos positivos.

Viviane Maria Ferreira Faria é formada em Pedagogia (UEPB - UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA) e especialista em Linguística (FIP - Faculdade Integradas de Patos).
Revista Profissão Mestre, 107