Teatralizando a literatura
Por Cybele Meyer
É através da leitura que as pessoas têm oportunidade de aprender a pensar e até a sonhar. A pessoa que desenvolve o hábito da leitura está abrindo uma porta gigantesca para experiências de vida onde a criação do autor pode ser desfrutada a qualquer hora, em qualquer lugar e quantas vezes quiser. Esta criação é compartilhada através do tempo se tornando imortal.
Através da leitura se tem acesso ao conhecimento.
Este mesmo encantamento ocorre com as crianças ao ler ou ouvir uma história. Quando a criança se identifica com a mensagem transmitida pela história, a escuta inúmeras vezes com a mesma atenção e interesse.
O contar histórias exerce uma magia no indivíduo estimulando-o a ler. Este estímulo o colocará em contato com diversos gêneros de leitura como os contos, crônicas, fábulas, lendas, parábolas, poemas, prosas e outros, tornando a leitura um hábito em sua vida, propiciando-o ser um multiplicador de conteúdos.
Saber contar histórias é ter criatividade para dar vida aos personagens. É criar um ambiente de encantamento, de suspense ou mesmo de emoção. É fazer a pessoa viajar através das palavras sentindo-se parte da história.
O ser humano sempre adorou contar histórias. O hábito de contar história, melhor dizendo, contar lendas, é milenar tendo origem antes mesmo da escrita a qual eram passadas de geração para geração através da fala onde cada um dava seu toque pessoal.
O conto de fadas, desde os seus primórdios, e sabe-se que “Cinderela” já era contada na China no século IX d.C, teve sempre a preocupação de enfatizar a discriminação social, a luta pelo poder, o “conseguir” num vale tudo, bem como a presença da maldade, dos maus tratos aos frágeis como crianças e menos afortunados, em suas buscas incansáveis e na solidão do abandono e da rejeição.
Mas também atravessou séculos exaltando valores essenciais ao ser humano como o amor, a solidariedade, a justiça, a compreensão e o bem como vencedor.
Esta linguagem simbólica que envolve personagens e enredos acaba agindo no inconsciente das crianças vindo a auxiliar na resolução de conflitos internos tão normais na infância.
O maniqueísmo envolvendo os personagens, tanto para o bem quanto para o mal, facilita a compreensão da criança no que diz respeito aos valores básicos para uma vida equilibrada em sociedade.
A intenção é justamente esta, de levar a criança a se identificar com o herói que é bom. Este sentimento trará uma sensação de segurança e proteção contribuindo para que a criança adquira o equilíbrio quando adulto.
As histórias infantis tiveram sempre por finalidade a união do lúdico com o pedagógico.
Existem muitos recursos que ao serem utilizados em classe nas aulas de literatura, roda de leitura e outros, facilitam a imaginação criadora do aluno resultando diretamente na produção de texto. Um destes recursos é a teatralização o qual jogar com a voz faz imaginar a presença de diferentes personagens; alterá-la diante dos diversos estados emocionais provoca a sensação de tristeza, de dor ou de alegria. Os gestos caracterizam cada personagem. O fundo musical, o cenário composto, os efeitos sonoros e muitos outros atributos podem ser usados na representação de uma história literária.
Enfim, todos os recursos são válidos para que se desenvolva na criança o hábito da leitura. E se o adulto ainda não o desenvolveu, sempre é tempo.
Não se deve inibir que aflore a poesia existente dentro de cada ser humano.
A poesia e fonte de sensibilidade e de fantasia.
A criança desde o seu nascimento tem contato com a poesia através das cantigas de ninar. As cantigas de roda, as parlendas, os trava-línguas são poesias puras. A rima, um dos acessórios da poesia, agrada muito as crianças.
O exercitar a rima faz com que as crianças se mantenham atentas à sonoridade das palavras e o ritmo, ao ser bem marcado, proporciona a interação com a cadência dos versos.
A poesia é fonte inigualável de criatividade a qual a criança se sentirá instigada a aguçar sua sensibilidade na tentativa de criação dos versos que comporão as estrofes.
O objetivo de se trabalhar a poesia com as crianças está longe da intenção de se formar poetas, mas sim de expandir a linguagem poética que poderá incidir sobre os mitos, contos, fábulas, lendas e tantos outros.
As crianças adoram brincar, imaginem a delícia que é brincar com as palavras!
Qualquer um pode brincar de poesia. Uma bela canção é poesia musicada, o final da história “entrou por uma porta e saiu pela outra, quem quiser que conte outra” é poesia, “E viveram felizes para sempre!” é poesia pura.
Já dizia o poeta que a poesia é a voz da alma. É quando se pode falar das coisas, não como elas são, mas como gostaríamos que fossem. O poeta tem o dom de dar vida às coisas. É por esta razão que a poesia ao ser trabalhada com a criança aproxima-se muito do mundo imaginativo e a linguagem metafórica, que a extasia, também exerce a magia de estreitar os laços com o mundo adulto ao perceber que o homem também é capaz de pensar como menino.
Trabalhar poesias em sala de aula não é tarefa fácil, porém aflorando a sensibilidade, e esta se unindo à imaginação poderá dar excelentes resultados.
2 comentários:
Rê, como vc bem sabe, acredito completamente nas estratégias de leitura propostas pela Cybele Meyer. Que bom seria se todos se apropriassem destas idéias...
Bj
Li
Ah... adorei as sugestões para a Páscoa, obrigada!
Olá, Regiane!
Tudo indica que este ano será muito melhor que 2007, pois está com ânimo e corda toda! Parabéns! Continue assim. Logo faremos uma reunião e espero termos muita coisa para exemplificar.
Mais uma vez os alunos estão com sorte! Professor de qualidade!
Que Deus lhe cubra de Bênçãos para que continue transmitindo aquela alegria, paz e confiança no trabalho.
Um abraço,
Maria Lucia
Postar um comentário