sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

REFORMA ORTOGRÁFICA



EM 2008, BRASIL E PORTUGAL TIRAM REFORMA ORTOGRÁFICA DA GAVETA E EXCLUEM TREMA DA LÍNGUA
Da Redação
Em São Paulo
Fonte: UOL EDUCAÇÃO

"Assembleia para para ver o voo dos pinguins". A partir de 1º de janeiro de 2009, essa frase se escreverá assim: sem trema, sem acento agudo no ditongo "ei" e sem circunflexo no grupo "oo". As mudanças são algumas entre as trazidas pelo novo acordo ortográfico da língua portuguesa, assinado pelo presidente Lula em 29 de setembro.

Em Portugal, o mesmo texto havia passado pelo parlamento em 16 de maio.

O objetivo da reforma é unificar o padrão escrito dos países que usam o português, uma idéia (ou melhor, ideia) que linguistas dos dois lados do Atlântico tentam pôr em prática desde 1975, quando surgiu o primeiro projeto de acordo ortográfico comum para brasileiros e portugueses.

"A ONU produz materiais em inglês, espanhol e alemão, mas não em português. Como temos duas grafias, acabamos deixados de lado. É um prejuízo sem tamanho para a divulgação da língua", disse o gramático brasileiro Evanlido Bechara no início do ano.

Para o português do Brasil, apenas 0,8% das palavras passarão a ser escritas de maneira diferente. Em Portugal o impacto é maior: muda 1,3% dos vocábulos, principalmente pela queda das consoantes não pronunciadas (os portugueses escrevem "óptimo" e "acto").


Prazo para entrar em vigor
O decreto presdencial 6.583 prevê um prazo de transição de três anos para que o Brasil adote a nova ortografia. Até 2012, as duas regras valerão.

Nas escolas, a mudança será sentida à medida em que os novos livros didáticos sejam publicados.

Em Portugal, o prazo previsto para a mudança é de seis anos. Os portugueses apresentam maior resistência às novas regras, encaradas por muitos como "de interesse do Brasil".

"O acordo serve interesses geopolíticos e empresariais brasileiros, em detrimento de interesses inalienáveis dos demais falantes de português no mundo, em especial do nosso país", protestou o deputado português Vasco Graça Moura à época da assinatura do acordo em Portugal.

Aos ouvidos de quem não fala português, o acordo ortográfico também soou mais "brasileiro". "É como se os britânicos decidissem escrever, por exemplo, traveler (viajante), como os americanos, em vez de traveller", publicou o jornal inglês "The Independent".


Além de Brasil e Portugal, o acordo já foi ratificado em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Ainda não definiram quando aceitarão o documento Timor-Leste e os africanos Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.

Veja o que muda na Língua Portuguesa com a reforma ortográfica

da Folha Online
da Folha de S. Paulo



HÍFEN

Não se usará mais:
1. quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas, como em "antirreligioso", "antissemita", "contrarregra", "infrassom". Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r -ou seja, "hiper-", "inter-" e "super-"- como em "hiper-requintado", "inter-resistente" e "super-revista"
2. quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Exemplos: "extraescolar", "aeroespacial", "autoestrada"

TREMA
Deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados

ACENTO DIFERENCIAL
Não se usará mais para diferenciar:
1. "pára" (flexão do verbo parar) de "para" (preposição)
2. "péla" (flexão do verbo pelar) de "pela" (combinação da preposição com o artigo)
3. "pólo" (substantivo) de "polo" (combinação antiga e popular de "por" e "lo")
4. "pélo" (flexão do verbo pelar), "pêlo" (substantivo) e "pelo" (combinação da preposição com o artigo)
5. "pêra" (substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico - pedra) e "pera" (preposição arcaica)

ALFABETO
Passará a ter 26 letras, ao incorporar as letras "k", "w" e "y"

ACENTO CIRCUNFLEXO
Não se usará mais:
1. nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus derivados. A grafia correta será "creem", "deem", "leem" e "veem"
2. em palavras terminados em hiato "oo", como "enjôo" ou "vôo" -que se tornam "enjoo" e "voo"

ACENTO AGUDO
Não se usará mais:
1. nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia"
2. nas palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplos: "feiúra" e "baiúca" passam a ser grafadas "feiura" e "baiuca"
3. nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem

GRAFIA
No português lusitano:
1. desaparecerão o "c" e o "p" de palavras em que essas letras não são pronunciadas, como "acção", "acto", "adopção", "óptimo" -que se tornam "ação", "ato", "adoção" e "ótimo".

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